segunda-feira, 30 de maio de 2011

Com mil e uma utilidades...

O substantivo "coisa" assumiu tantos valores que cabe em quase todas as situações cotidianas
Francicarlos Diniz

A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma idéia. Coisas do português.

A natureza das coisas: gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E no Nordeste há "coisar": "Ô, seu coisinha, você já coisou aquela coisa que eu mandei você coisar?".

Coisar, em Portugal, equivale ao ato sexual, lembra Josué Machado. Já as "coisas" nordestinas são sinônimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio. "E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios" (Riacho Doce, José Lins do Rego). Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha. Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: "Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já." E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o Segura a Coisinha.

Na literatura, a "coisa" é coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crônica O Coisa em 1943. A Coisa é título de romance de Stephen King. Simone de Beauvoir escreveu A Força das Coisas, e Michel Foucault, As Palavras e as Coisas.

Em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de "a coisa". A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!".

Devido lugar

"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)". A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro. "Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca." Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas. Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta "Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos (que é coisa nossa).

Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim! Coisa de cinema! A Coisa virou nome de filme de Hollywood, que tinha o seu Coisa no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".

Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira "coisíssima". Mas a "coisa" tem história na MPB.

No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré ("Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar"), e A Banda, de Chico Buarque ("Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor"), que acabou de ser relançada num dos CDs triplos do compositor, que a Som Livre remasterizou. Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: "Coisa linda / Coisa que eu adoro".

Cheio das coisas

As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração. Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas. Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade (afinal, "são tantas coisinhas miúdas"). Já para Beth Carvalho, é de carinho e intensidade ("ô coisinha tão bonitinha do pai"). Todas as Coisas e Eu é título de CD de Gal. "Esse papo já tá qualquer coisa... Já qualquer coisa doida dentro mexe." Essa coisa doida é uma citação da música Qualquer Coisa, de Caetano, que canta também: "Alguma coisa está fora da ordem."

Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal. O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa. Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.

A coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa: "Agora a coisa vai." Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

Coisa à toa

Se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa. Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema Eu, Etiqueta, Drummond radicaliza: "Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente." E, no verso do poeta, "coisa" vira "cousa".

Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para ser usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.

Mas, "deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida", cantarola Fagner em Canteiros, baseado no poema Marcha, de Cecília Meireles, uma coisa linda. Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento: "amarás a Deus sobre todas as coisas". Entendeu o espírito da coisa?

Se não entendeu, desculpe qualquer coisa.


MINIGLOSSÁRIO

Coisa
Dos 13 sinônimos mais comuns, lembrados pelo Aurélio, o mais
geral é: aquilo que existe ou pode existir. Ou seja, "coisa" é tudo e, também, qualquer objeto isolado.

Coisada
Reunião ou amontoado de
coisas diferentes.

Coisar
Refletir, matutar, imaginar.

Coisas
Bens, propriedades, valores, mas também órgãos sexuais (Nordeste).

Coisica
Coisa pequena, coisita, bagatela, insignificância.

Coisificar
Tratar alguém como coisa, reduzir o que há de humano a valores puramente materiais.

Coisíssima
Da locução adverbial "coisíssima nenhuma", por sua vez equivalente a "de modo algum" ou "absolutamente nada".

Coiso
Qualquer pessoa, fulano.


A ORIGEM DA COISA

Por Luiz Costa Pereira Junior

Do latim causa veio o nosso "coisa". O espanhol Juan Corominas (Breve Diccionario Etimológico de la Lengua Castellana, Gredos, 1961) lembra que o termo latino original para o espanhol cosa era sinônimo de "motivo", "assunto", "questão" até o latim vulgar desenvolver um segundo significado já no século 4º.

Quem explica a razão da mudança é o brasileiro Antenor Nascentes (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, 1932). Ele conta que causa vingou como sinônimo de objetos ao suplantar no latim clássico o monossilábico res, uma palavra que teria perdido o trem da história porque não tinha, literalmente, "bastante corpo", diz Nascentes. Por fazer volume digno ao que nomeia, causa teria migrado do sentido "de processo e de razão das coisas" para o que desembocou na forma "coisa" atual.

No português do século 13, o termo era grafado pela forma intermediária "coussa" ou "cousa", que ainda perdura na boca de algumas gerações. O primeiro registro da coisa sem u veio no século 16, coysa, lembra Antônio Geraldo da Cunha (Dicionário Etimológico, Nova Fronteira, 1982). Nos tempos da Inquisição, anota o Michaellis, "coiseiro" era um livro de apontamentos em que os inquisidores portugueses marcavam detalhes de seus denunciados.

Gabriel Perissé, colunista de Língua que já escreveu sobre esse substantivo feminino há alguns anos, explica que, ao falar, usamos a palavra "coisa" como uma coisa que substitui todas as palavras. Na ausência da palavra exata, que "ilumina como um holofote" o ser ou o objeto a ser nomeado, usamos qualquer coisa no lugar, diz Perissé. É aquela coisa: se funciona, é bom de usar.


FONTE: http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11189

terça-feira, 17 de maio de 2011

Reflexões....estamos na metade do curso....

A informática faz parte da minha vida a muito tempo....em 1995 fiz meu primeiro curso de Informática, que eu achava o máximo: MS-DOS, Wordstar e Lotus 123. Após isso outros programas e outras plataformas passaram pela minha vida:
  •  Windows 3.11; 
  •  Windows 95; 
  •  Windows 98; 
  • Windows 2000; 
  • Machintosh (Apple);
  • Windows XP; 
  • Windows Vista; 
  • Atualmente o Windows 7;  
  • e no curso do Proinfo: o conhecimento da Plataforma Linux.
Na verdade só me lembrei de vários momentos que utilizei a informática e de como cada um deles foi importante.  O conhecimento que adquirimos nunca é perdido e a cada oportunidade que temos, precisamos nos aperfeiçoar,  melhorar e nunca ter medo de encarar o novo.
Por mais que pensamos “dominar” determinado assunto, sempre há  coisas novas, trocas e experiências diferentes. Mudamos nossa visão e ampliamos nossos horizontes.  Sinto isso ao estar cursando o ProInfo....que aprender nunca é demais...
Agradeço a Coordenadora Kely pela disponibilidade e paciência!
Um grande abraço!!!!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O mundo da criança é abençoado....

Educar é tudo!!!

Vídeo - "O impacto da tecnologia da informação na vida social"

Pesquisa Wikipédia

A Democratização da Informação é uma questão que discute a ampliação do acesso tanto à recepção quanto à emissão de informação, a sua democratização e do conhecimento. A formação de leitores e a insersão cultural das populações nos mais diversos assuntos, pretendem assim disponibilizar as novas tecnologias de informação e comunicação às comunidades e promover o processo de inclusão digital das populações, visando o alcance de seus objetivos.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Democratização_da_informação